Operação no Grande ABC mira organização criminosa do novo cangaço

Hahn Scherer
Hahn Scherer

Armas de fogo e munições utilizadas pelo grupo nas ações eram fornecidas por CAC’s

A Polícia Federal e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), lançaram ontem a Operação BAAL para desmantelar uma organização criminosa especializada em roubos de alta complexidade, conhecidos como “domínio de cidade” e “novo cangaço”. Mandados de prisão temporária, além de busca e apreensão, foram cumpridos em várias cidades do País, incluindo duas no Grande ABC: Santo André e São Bernardo.

Esses crimes representam uma forma de violência evoluída contra o patrimônio, onde grupos criminosos desafiam o poder público com roubos planejados. A investigação começou após uma tentativa de roubo a uma base de valores em Confresa, no Mato Grosso, em abril de 2023.

Na ocasião, vários criminosos foram capturados ou mortos em confronto com a polícia. Um dos detidos residia em São Paulo e fazia parte de uma organização criminosa.

As investigações mostraram que tais crimes foram financiados por membros da organização que também se envolvem no tráfico de drogas e na lavagem de dinheiro. Além disso, descobriu-se que os principais fornecedores de armas e munições para a organização são CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador).

No total, foram cumpridos 13 mandados de prisão temporária e 24 de busca e apreensão em várias cidades, incluindo São Paulo, Osasco, Guarulhos, Piracicaba, Mairinque, Buri, Xique-Xique (BA), Timon (MA) e Corrente (PI), além dos municípios da região.

Segundo o delegado Jeferson Di Schiavi, da Polícia Federal, foram expedidos 13 mandados de prisão temporária, sendo que 12 pessoas estão presas, com quatro em flagrante, em decorrência do porte ilegal de armas de fogo e munição.

“A operação visa desarticular uma organização criminosa voltada a roubos violentas, o denominado ‘Novo Cangaço’. O que encontramos hoje (ontem) foram diversas armas ilegais, como explosivos e pólvora. Identificamos equipamentos que esse grupo já utilizou em outras ações de domínio de cidade, como fardamentos e coletes balísticos, e mostra que estavam se preparando para uma nova ação ainda não identificada onde seria,” revelou o delegado.

Medidas patrimoniais também foram adotadas, como o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens, com um limite de até R$ 4 milhões, para enfraquecer financeiramente a organização.

A operação contou com o apoio de equipes da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), da 10ª Companhia de Força Tática e do 10º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia da Polícia Militar de São Paulo).

DOMÍNIO DA CIDADE

Tramita no Congresso o Projeto de Lei 5365/2020, que define como domínio de cidade “realizar bloqueio total ou parcial de quaisquer vias de tráfego, terrestre ou aquaviário, bem como de estruturas físicas das forças de segurança pública, para evitar e/ou retardar a aproximação do poder público, com emprego de armas de fogo e/ou equipamentos de uso das forças de segurança pública, com finalidade de praticar crimes”. De acordo com o texto do projeto, o domínio de cidade será tipificado como crime hediondo.

NOVO CANGAÇO

O Novo cangaço tem características semelhantes, mas o domínio de cidades teria um contingente de criminosos maior e mais sofisticado em termos de planejamento e de recursos envolvidos, enquanto novo cangaço estaria relacionado ao banditismo interiorano, em cidades com até 50 mil habitantes. De acordo com o Projeto de Lei 610/2022, que também tramita no Congresso, esse crime seria tratado como terrorismo, já que a prática teria por finalidade não apenas o dinheiro, mas também provocar terror social generalizado.

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