Na contramão do cenário nacional, Santa Rosa de Viterbo (SP) passou os últimos seis meses de 2023 sem ter sequer um caso de dengue.
Além disso, o número de infecções no município do interior paulista em todo o ano passado representou uma queda de 62,9% em relação a 2022.
Foi somente neste mês de janeiro que Santa Rosa voltou a registrar um morador infectado pela doença. Ainda assim, trata-se de um caso importado, ou seja, contraído em outra cidade.
Mas o que explica esse controle epidemiológico? A resposta pode estar na combinação entre uma espécie de armadilha contra o mosquito Aedes aegypti e o uso da tecnologia. Entenda abaixo:
O que é a armadilha?
Desde o ano passado, a prefeitura instalou 96 armadilhas espalhadas pela cidade. Assim, tanto fêmeas quanto machos do mosquito são atraídos por meio do cheiro de um produto não tóxico misturado na água.
Ao pousar dentro do recipiente, eles ficam presos a um adesivo e são enviados a um laboratório terceirizado, onde passa por análises de DNA e RNA.
Qual o papel da tecnologia?
No laboratório, os pesquisadores inicialmente identificam se o mosquito está infectado com o sorotipo 1, 2, 3 ou 4 da dengue, ou se possui outras doenças, como zika e chikungunya.
Depois dessa análise, as informações são repassadas à prefeitura, que, através de um sistema on-line, realiza o monitoramento da população do Aedes aegypti e do vírus circulante em cada ponto da cidade onde o mosquito foi capturado.
O que é feito a partir dos dados?
Além do vírus circulante, o sistema, que é atualizado em tempo real e pode ser acessado por toda a população, fornece informações como locais de infestação e taxas de incidência do mosquito.
A partir disso, a prefeitura planeja mutirões de limpeza e ações de pulverização direcionados nos pontos mais críticos.
“A gente faz o bloqueio. Realizamos vistorias nos quarteirões, em um raio de 200 metros, para informar que existe um vírus circulando naquele local, para as pessoas realizarem a retirada de objetos que possam acumular água”, destaca Cristiane Villalobos Wiezel, coordenadora de Vigilância em Saúde.
Queda de casos
Em 2023, Santa Rosa de Viterbo contabilizou 148 casos de dengue, todos eles no primeiro semestre. O total é bem menos da metade do que o registrado no ano anterior, quando foram 399 infecções.
Já em 2024, até o dia 8 de janeiro, a cidade recebeu 15 notificações, sendo que seis deram resultado negativo para a doença e apenas uma, positivo. As outras oito ainda serão analisadas.
Nas últimas cinco semanas, 199 mosquitos Aedes aegypti foram analisados, e todas as amostras foram negativas para a dengue.